Entre o mar e a mata, um refúgio que se confunde com a paisagem

studio mk27


Em 15.11.25

Entre o verde da Mata Atlântica e o azul do mar, a Casa Azul, projeto do Studio MK27 liderado pelo arquiteto Marcio Kogan, é um exemplo de arquitetura que se integra à natureza com leveza e propósito. Localizada no litoral de São Paulo, a residência foi erguida de forma a impactar o mínimo possível a vegetação nativa. Com soluções construtivas e materiais naturais, o projeto recebeu a certificação GBC Ouro (Green Building Council Brasil) e se tornou referência em arquitetura sustentável no país. Conheça os detalhes desse refúgio que une sofisticação, simplicidade e respeito ao meio ambiente.

Conheça a especialista

Andressa Oliveira é arquiteta e urbanista especialista no cultivo de plantas em casa e com experiência em projetos arquitetônicos e de interiores.

O terreno e o desafio ambiental

Implantada em uma área de proteção, a Casa Azul nasceu do desafio de construir em meio à Mata Atlântica sem causar impacto. O terreno, cercado por vegetação nativa e a poucos metros da Praia de Iporanga, exigiu soluções precisas para preservar a paisagem original. A arquitetura foi guiada por parâmetros rigorosos, definidos pelos órgãos ambientais, que determinaram a ocupação mínima e a proteção integral da floresta existente. Para atender às exigências, o Studio MK27 elevou toda a estrutura sobre pilotis, permitindo que o solo permanecesse praticamente intocado. O resultado é uma construção que repousa suavemente sobre o terreno, representando um gesto de respeito e equilíbrio entre arquitetura e natureza

Arquitetura elevada e integração

Na Casa Azul, a estrutura elevada não é apenas uma solução técnica, mas parte essencial da linguagem arquitetônica. O vão de 15 metros de comprimento cria um espaço sombreado e ventilado que abriga a área social da casa, transformando o térreo em uma extensão natural do jardim. O piso de cacos que leva à entrada gradativamente se desfaz e se mistura com a natureza. Acima dele, dois volumes de concreto parecem flutuar entre as copas das árvores, integrando-se à paisagem de forma sutil e equilibrada.

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Continuidade para o mar

O deck de madeira que contorna a construção se estende pelo terreno com linhas orgânicas, convidando a natureza a participar da arquitetura, com paisagismo de Rodrigo Oliveira. Essa transição entre o construído e o natural é o que dá ao projeto sua força poética: uma casa que respira a floresta e se deixa envolver por ela. A piscina avança para fora da projeção da casa, criando uma conexão mais direta entre o desenho arquitetônico e a paisagem que se abre em direção ao mar

Uma visão para a floresta

No primeiro andar, grandes panos de vidro se abrem completamente, dissolvendo os limites entre interior e exterior. As aberturas fazem com que os ambientes se transformem em varanda, integrando estar e jantar com a natureza ao redor. De qualquer ponto da casa, é possível visualizar a mata, reforçando a sensação de leveza e continuidade com o entorno.

Quartos nas copas da árvores

O segundo pavimento abriga quatro quartos imersos na copa das árvores. Neste volume, as faces longitudinais recebem fechamento em elementos vazados de madeira, conhecidos como muxarabis, que filtram suavemente a luz e controlam a entrada do sol, garantindo conforto térmico e privacidade.

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Materiais que conversam com a paisagem

Os materiais usados na sua construção refletem a filosofia de leveza que orienta todo o projeto. Concreto aparente, madeira natural e grandes aberturas de vidro formam uma composição simples e atemporal, onde cada textura dialoga com a paisagem ao redor e trazem para dentro a natureza externa. As superfícies neutras e os tons terrosos criam um contraste sutil com a mata e o mar, tornando os ambientes acolhedores e silenciosos em meio à exuberância natural.

Sustentabilidade em cada detalhe

Mais do que um gesto estético, as escolhas construtivas revelam um compromisso ambiental. O uso de madeira certificada, o reaproveitamento de materiais e o sistema de ventilação cruzada reduzem a necessidade de climatização artificial. A iluminação natural foi aproveitada e pensada para acompanhar o ritmo do dia. Graças a esse conjunto de soluções, a Casa Azul recebeu a certificação GBC Ouro (Green Building Council Brasil), tornando-se um modelo de arquitetura sustentável no país.

A Casa Azul representa mais do que uma obra de arquitetura – é um manifesto sobre como habitar a natureza com respeito e sensibilidade. Suspensa sobre o terreno e envolta pela mata, ela une técnica, estética e propósito em perfeita harmonia. Cada escolha reflete o desejo de viver com menos impacto e mais conexão com o entorno. Um exemplo de como o design pode ser leve, belo e consciente ao mesmo tempo. Veja também como ter uma casa sustentável e unir conforto, arquitetura e natureza.

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