Encravada na Serra da Mantiqueira, em Gonçalves, Minas Gerais, a Casa Koba é um exemplo de arquitetura que se molda ao terreno e reverencia a paisagem. Projetada pelo Estúdio HAA!, a residência combina soluções construtivas locais, materiais naturais e um olhar cuidadoso para o entorno. O resultado? Um lar que se abre para o horizonte com leveza e alma biofílica.
Conheça a especialista
Andressa Oliveira é arquiteta e urbanista especialista no cultivo de plantas em casa e com experiência em projetos arquitetônicos e de interiores.
Implantação estratégica e respeito ao terreno
Localizado a 1.450 metros de altitude, o terreno apresenta declive acentuado e clima típico de montanha. Como o escritório já havia desenvolvido um projeto no lote vizinho, os arquitetos conheciam bem os desafios logísticos, a disponibilidade de mão de obra local e as particularidades da vegetação e insolação. “Antes de iniciar o projeto, analisamos quais técnicas construtivas eram mais familiares à equipe, com o intuito de criar algo que respeitasse o vocabulário técnico local.”
A implantação levou em conta a orientação solar, especialmente no inverno, e a ausência de árvores no lote. Além disso, buscou-se o melhor enquadramento da vista, com destaque para a icônica Pedra do Baú, em São Bento do Sapucaí, São Paulo. O desenho da casa aproveita as curvas do terreno para se acomodar de maneira orgânica, como se estivesse ali desde sempre.
Os ambientes da Casa Koba foram organizados em quatro blocos independentes, dispostos de forma a dialogar com o terreno e proporcionar fluidez entre áreas íntimas e sociais. Os dois primeiros blocos concentram os espaços íntimos, abrigando a suíte do casal, a sala de TV, as suítes dos filhos e as suítes de hóspedes. O terceiro bloco reúne as áreas de convivência, como o estar, a cozinha interna e externa, além de uma ampla varanda frontal. Já o quarto bloco, localizado no nível inferior, é destinado ao apoio e serviços, com garagem, depósito, banheiro, adega e academia.
Essa segmentação por módulos permite que o bloco social se conecte com demais, criando percursos internos interessantes e uma experiência mais sensorial de habitar. A separação também favorece a ventilação cruzada e a entrada de luz natural, reforçando o conforto térmico da residência.
O sistema construtivo é misto, com estrutura de madeira, treliças metálicas aparentes, alvenaria estrutural cerâmica e concreto armado. A combinação desses elementos realça a honestidade dos materiais e aproxima o projeto da natureza. A escolha por materiais de fácil acesso na região também reduziu impactos ambientais e otimizou o tempo de obra.
No bloco social, um grande forro curvo de madeira se impõe como protagonista. Para os arquitetos, ele evoca “a sensação de estar dentro de um estaleiro, como se observássemos o casco de um barco suspenso”.O detalhe escultural desse forro imprime caráter e reforça a sensação de acolhimento.O piso foi executado em cimento queimado com tingimento verde, contribuindo para uma atmosfera rústica e sofisticada ao mesmo tempo. A textura dos materiais e suas paletas trazem as cores da natureza, conferindo autenticidade e um certo frescor ao ambiente.
As grandes esquadrias em vidro enquadram a paisagem como quadros vivos. A varanda frontal e os pilares de madeira reforçam essa conexão, fazendo com que a integração entre interior e exterior seja de forma harmônica. Ao caminhar pela casa, o visitante é constantemente surpreendido por novas perspectivas da serra, da vegetação nativa e do céu. Essa relação direta com o ambiente externo não é apenas estética, mas sensorial e emocional.
A Casa Koba é uma síntese entre paisagem, contextos locais e conforto contemporâneo. O projeto mostra como a arquitetura pode ser ao mesmo tempo escultural e orgânica, trazendo leveza em um lugar de altitude. Um verdadeiro refúgio onde os limites entre o construído e o natural se confundem. Aproveite para conferir mais projetos de casas de campo e inspire-se com ideias para transformar seu refúgio.