Uma tiny house é muito mais que uma moradia com tamanho reduzido, pois essas casinhas também traduzem uma bela filosofia de vida. O movimento preza por um estilo de vida minimalista, sem exageros, e vem ganhando cada vez mais espaço e adeptos, inclusive no Brasil. Conheça mais sobre a tiny house, veja suas vantagens e desvantagens e confira relatos sobre como é a experiência de viver em uma delas.
Conheça a especialista
Andressa Oliveira é arquiteta e urbanista, com master em arquitetura e lighting design, especialista no cultivo de plantas em casa e experiência em projetos arquitetônicos e de interiores.
O que é tiny house: pequena metragem e uma vida simples
O movimento tiny house surgiu nos Estados Unidos durante os anos 90, mas teve seu auge em 2007, durante a crise imobiliária enfrentada pelo país. Atualmente esses modelos de casa vêm se tornando uma tendência para quem busca uma vida simples, sustentável e mais flexível. Robson Lunardi, é morador de uma tiny house com sua família e explica que “minicasas são intencionalmente construídas com metragens reduzidas de até 37 m² para simplificar a vida das pessoas”.
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Características de uma tiny house: uma vida simples e sem fronteiras
Como você viu, uma tiny house possui metragens reduzidas de até 37 m². Para entender mais, confira a lista de características que Robson elenca sobre as minicasas:
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- Metragem reduzida
- Praticidade
- Funcionalidade
- Sustentabilidade
- Customização
As tiny houses podem ser de diferentes estilos e tamanhos, mas acima de 38 m² não são mais consideradas na categoria. Robson enfatiza que esse tipo de construção também “proporciona um estilo de vida com muita liberdade, seja geográfica, financeira ou de tempo”.
Como funciona a tiny house: custos e locais de instalação
De acordo com Robson, uma tiny house pode ser de três modalidades: fixa, móvel e transportável. Segundo o morador, o tipo móvel “é a categoria mais comum no movimento, porque é uma alternativa em que você pode escolher ter a casa, sem ter o terreno”. Sobre os custos de construção, Robson diz que “as tiny houses tem um preço um pouco elevado quando comparado com casas comuns, porque utiliza métodos construtivos com mais camadas que o método usual do Brasil”.
Ele afirma que, para ter uma vida sustentável, prática com liberdade de mobilidade, a construção tem que ter uma qualidade térmica e acústica elevada com paredes com entre 5 e 7 camadas. Isso é também o que diferencia uma tiny house de uma casa container, visto que o material é difícil de isolar e resulta em um espaço muito apertado.
Em questão de valores, ele fala sobre uma média de R$120 mil a R$150 mil, mas reforça que há “muitas variações e tudo vai depender do projeto”. Entretanto, a tiny house permite uma vida de baixo custo, “porque é uma casa pequena e você vai aprender a viver com o essencial. Além disso, é uma casa que vai gastar muito pouco com produto de limpeza, luz e água”. E complementa que a modalidade móvel ainda é isenta de IPTU.
Em relação a tiny house móvel, Robson conta que “ela pode ficar em terrenos alugados, em campings e em vias públicas, estacionadas por um tempo determinado”. No último caso, ele indica ser necessário a verificação com a prefeitura local. Já no caso das tiny house fixas e transportáveis, “precisam ficar em terrenos próprios, porque incide IPTU”, afirma.
Tiny house no Brasil: um movimento que cresce no país
No Brasil, os altos custos de moradia e o longo período de financiamento para a aquisição de uma casa própria fizeram crescer os adeptos desse movimento. Robson foi um dos pioneiros e teve a primeira minicasa legalizada no Brasil. “O fato de você ter uma casa sem ter o terreno acontece por meio de uma documentação de automóvel, o que faz com que não se caracterize como uma edificação, apesar de ter sido construída para esse objetivo”. Ele conta que conseguiu legalizar a sua dentro da categoria de veículo, tipo trailer especial.
“As legislações específicas para tiny house móveis são do DENATRAN e INMETRO”, aponta. As normas são usadas para garantir segurança e qualidade elétrica, hidráulica e de esgoto. Já se for do tipo fixo, incide “a legislação local, ou seja, as leis municipais, o Plano Diretor ou o código de obras”.
Vantagens e desvantagens de viver em poucos metros quadrados
Existem muitas vantagens em se viver em uma tiny house, e pode ser melhor e mais fácil do que você imagina, confira:
Vantagens
- Otimização dos ambientes e funções
- Permite uma vida de baixo custo
- Pouco tempo e facilidade na limpeza
- Móveis multifuncionais
- Vida sustentável com pouco impacto ambiental
Desvantagens
- Facilidade de sujar os ambientes que são normalmente integrados
- Não é uma casa para qualquer pessoa/família
- Menos privacidade
- Barulhos nos ambientes
- Dificuldade de adaptabilidade e mudanças posteriores no design
Mesmo com boas vantagens, também há desvantagens nesse tipo de moradia. As tiny house são um estilo de vida, e vale a pena pensar se você deseja experimentar e transformar o seu modo de vida.
Experiências de viver em uma tiny house: como é a vida em uma minicasa
“Viver em uma tiny house trouxe excelentes benefícios para nós, eu e a Bel [esposa] viemos de um estilo de vida de muito trabalho, a gente trabalhava bastante e ambos tivemos a síndrome de burnout”, relembra Robson. Foi assim que eles começaram uma transformação: viraram adeptos do slow living e passaram a viver em uma tiny house. “Viver assim me controla, mas me dá liberdade, e eu posso dizer que o nível de liberdade que a gente tem hoje, eu nunca vi ninguém ter”.
Além disso, ele comenta outros aspectos positivos, “é justamente viver intencionalmente sua vida, você pode escolher, ter a opção de não fazer algo que você não queira”. Ele e sua esposa criaram um espaço para home office, que fica junto com o quarto do casal, por conta da situação da pandemia, já que antes trabalhavam em locais públicos, como cafeterias e centros comerciais. Robson também comenta que adora a multifuncionalidade de outros ambientes: “nosso banheiro não é só um banheiro, é nossa lavandeira, é também nosso cantinho de relaxar, porque ele tem um ofurô”.
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Outro destaque comentado é a privada seca, que permite que a tiny house possa ser estacionada em qualquer lugar sem necessidade de conexão com esgoto ou fossa, e sem causar nenhum impacto ambiental. Outros resíduos gerados, de chuveiros, pias e máquina de lavar roupa são tratados naturalmente por eles e se transformam em água para irrigar a horta de produção própria.
Entretanto, Robson fala que “não é uma casa para qualquer pessoa, é uma casa para quem quer convívio. A gente adotou o que o movimento propõe, pois todo mundo participa da manutenção da casa e aprende a respeitar o espaço do outro. Assim, não basta só respeitar a distância entre uma pessoa e outra, é necessário respeitar o barulho que você faz”. Ele também reforça que “é uma casa que convida você para viver o ambiente externo e o ambiente comunitário com a comunidade local”.
Ele destaca a dificuldade de troca de roupa na tiny house e a necessidade de se adaptar a “uma vida na qual a gente vai aumentar a relação humana, o respeito entre a unidade familiar, o contato com a natureza e o contato com a comunidade local, porque você não vai querer viver confinado em uma casa pequena”.
Por fim, ele conclui que “basicamente a gente troca muitos metros por poucos metros quadrados. Dessa forma ganhamos maior qualidade, em termos de construção e em termos do que ela proporciona para nossa vida. Nela, você vive, de fato, o tiny living”.
10 fotos de tiny house
Viver em poucos metros pode ser desafiador e muito divertido. Por isso, confira fotos internas e externas para se encantar com as tiny houses:
1. A tiny house é uma casa com até 37 m²
2. A multifuncionalidade dos móveis se destaca
3. Para ampliar o espaço são construídos lofts
4. Que muitas vezes servem como quartos
5. Uma marcenaria inteligente faz a diferença
6. Uma tiny house pode ser muito aconchegante
7. E ter o estilo que você preferir
8. O minimalismo também faz parte da decoração
9. Ajuda a focar no essencial para viver
10. E você pode transportar a minicasa para onde quiser
A tiny house vai além de poucos metros quadrados e traduz um estilo de vida livre, minimalista e em harmonia com a natureza. Você também pode implementar pequenas mudanças no seu lar para deixar a sua casa sustentável.